Futsal do Litoral a Trás-os-Montes

quinta-feira, abril 07, 2005

Planeamento: o atleta, a carga e a estratégia

Conhecer a Condição Física, Técnica e Psicológica dos Atletas para poder potenciá-la…

O início da época desportiva torna-se, cada vez mais, um factor fulcral para o sucesso desportivo do campeonato e consequentemente para a obtenção dos objectivos anteriormente previstos.

Para muitos torna-se imperceptível por onde começar a abordagem sistemática ao treino de forma a contemplar a trilogia que compõe o fenómeno do processo de treino: física (aumento e potencialização das capacidades motoras), psicológica e técnico-táctica (sim porque na minha opinião são as duas faces da mesma moeda).

Antes de mais, importa realçar que o conjunto dos atletas de que dispomos apresenta uma conjuntura extremamente heterogénea (diferente) e que devemos respeitar cada um como uma peça imprescindível para a construção do puzzle de que dispomos, onde nos completámos mutuamente.

A diferença deve, acima de tudo, ser respeitada para que o desenrolar do processo de treino ocorra da melhor forma, potencializando em cada um dos atletas as capacidades que se nos afiguram menos produtivas, sem perda do controle e liderança do grupo de trabalho.

Outro ponto fundamental, será a qualidade do trabalho a implementar nos treinos, rentabilizando os aspectos inerentes á preparação, aprendizagem e formação do atleta, preparando-o adequadamente para, de futuro, apresentar-se apto e disponível às exigências que o jogo vai solicitar.

Assim, é imperioso que o treino contemple uma preparação multidisciplinar onde não há espaço para a saturação, onde a diversidade dos exercícios é uma constante e onde o respeito e a aplicação no trabalho efectuado é primordial na conquista dos objectivos propostos para o mesmo.

Treino = Jogo Jogo = Treino
No entanto, podemos trabalhar a resistência de uma forma lúdica e com entrega total dos atletas, criando um ambiente salutar. Podemos trabalhar as capacidades motoras, ao mesmo tempo que trabalhamos as capacidades técnicas, bem como as capacidades técnicas com uma carga táctica associada.

O treino é um espaço comum de vivências intensas onde os atletas e todo o Staff comungam inúmeras horas do mês, onde deverá prevalecer a entrega, o companheirismo, e sobretudo o sentimento de partilha. Assim, a sua elaboração deve ser preparada minuciosamente em função das necessidades semanais, tendo em conta os objectivos previamente definidos, reinando uma Coesão de grupo forte liderada por um “Cabecilha” que transpira ambição, respeito, tolerância, organização e confiança.

O treinador deve propor durante a preparação da sua equipa, diversos desafios (entendam-se jogos) com índices de dificuldade diferentes, afim de poder tirar ilações acerca dos aspectos que deverá corrigir, bem como dotar a sua formação de uma mentalidade táctica vencedora e competitiva, elevando os níveis de confiança e determinando a coesão de grupo na procura da conquista do objectivo.


O que devemos e podemos fazer inicialmente (período pré-competitivo)…

Avaliações fisiológicas dos atletas
  • 4 x 15 metros, componente de arranque;
  • 2 x 30 metros, componente de aceleração;
  • 2 x 40 metros, componente de velocidade máxima;
  • Resistência aeróbia;
  • Força geral
  • Relação Peso / Altura (Índice de Massa Corporal);

    * Treinos: Período correspondente a 2 meses (3 treinos semanais)
1ª Etapa: quatro semanas
  • Ênfase no trabalho aeróbio: corridas contínuas;
  • Elevação do limiar anaeróbio: métodos - contínuo, intervalado;
  • Ênfase na resistência muscular localizada – abdominal, dorsal, superior e inferior";
  • Treino intervalado misto: 100 a 500 metros - "pirâmide";
  • Treino intervalado: 50 a 300 metros de forma crescente/decrescente;
  • Início da homogeneização da forma atlética: sectores e individual.
2ª Etapa: 2 semanas
  • Ênfase no trabalho anaeróbio (exercícios de curta duração);
  • Treino láctico - repetições de 120 metros;
  • Treino aláctico - distâncias entre 5 a 30 metros;
  • Potência - exercícios com elásticos, circuitos;
  • Coordenação com e sem bola (força, velocidade, agilidade);
  • Aumento da individualização do trabalho (especificidade);
  • Aproximar a média do grupo e orientações específicas;
  • Recuperação: capilarização, trote, banhos e hidroginástica.
3ª Etapa: 2 semanas
  • Velocidade e agilidade;
  • Manutenção da forma física;
  • Treinos especiais na piscina (força geral, dinâmica de grupo).

    * Este plano está adaptado às solicitações da maior parte das equipas amadoras. Porém, não podemos esquecer que esta abordagem “física” não se dissocia do trabalho com bola, e todas as situações podem ser adaptadas, sempre que possível, desde que os objectivos do treino não sejam descurados. A salientar que durante a 2ª e 3ª etapa a equipa deverá efectuar os referidos jogos/treino para os fins acima referidos.
Tudo porque é a bola que faz mover o atleta, é por ela que todos correm...

5 Comentários:

  • Boas...
    Antes de mais muitos parabéns pelo Blog. Está excelente.
    Faço este comment, não para "comentar" o seu post "Planeamento: o atleta, a carga e a estratégia". Como é o mais recente, penso que irei conseguir a sua atenção mais facilmente... Peço desculpa por isso.

    Como curioso que sou, já estive a ler alguns dos seus artigos, que achei bastantes bons.
    No artigo "Os Gestos Técnicos", efectua uma série de definições, sendo uma delas a "Pressão" dizendo que podem existir consoante o modelo táctico "6 linhas de pressão".

    Eu sou um adepto da pressão em futsal e estou sempre pronto a aprender sempre mais.
    O que eu lhe pedia era que me explicasse um pouco mais sobre essa Pressão e a possibilidade de se terem 6 linhas de pressão.

    Atentamente
    mpmfilipe

    By Anonymous Anónimo, at quinta-feira, abril 07, 2005  

  • Caro mpmfilipe,

    As linhas de pressão a que me refiro no referido artigo, não são mais do que a repartição do campo em sete partes, onde são definidas seis linhas imaginárias e sequencializadas (1,2,3..) da baliza adversária para a nossa, (sendo a seis a linha mais recuada e a 1 a mais avençada) e que servem como referência aos atletas acerca do ponto donde o seu treinador pretende que se começe a pressionar de forma individual, mas compacta (toda a equipa).
    A pressão é realizada tendo em conta o modelo táctico apresentado pela equipa adversária. Naturalmente o 4:0 exige uma postura mais defensiva e se pretendemos que o adversário jogue mais longe da nossa baliza (12 m) teremos que pressionar mais alto obrigando-o a pensar mais rápido e a cometer mais erros no passe, obrigando-o a maior instabilidade na sua organização do jogo.

    Espero tê-lo esclarecido, porém mais tarde apresentarei uma imagem que lhe poderá ser mais ilucidativa.
    Obrigado pela visita.

    By Blogger Carlos Martins, at quinta-feira, abril 07, 2005  

  • ... penso que estou a perceber. No entanto penso que dentro desse conceito será mais adequado chamar-lhes linhas defensivas. Ou não?

    Um abraço
    mpmfilipe

    By Anonymous Anónimo, at segunda-feira, abril 11, 2005  

  • Naturalmente que serão defensivas.

    By Blogger Carlos Martins, at segunda-feira, abril 11, 2005  

  • Caro Tiago Barros

    Antes de mais, pedia-lhe que elaborasse a sua opinião nos respectivos posts para um melhor enquadramento da sua opinião.
    Depois de ter lido o seu comentário, onde foi perfeitamente esclarecido, reparei que não o deve ter lido o post na integra, uma vez que refiro no fim "* Este plano está adaptado às solicitações da maior parte das equipas amadoras. Porém, não podemos esquecer que esta abordagem “física” não se dissocia do trabalho com bola, e todas as situações podem ser adaptadas, sempre que possível, desde que os objectivos do treino não sejam descurados. A salientar que durante a 2ª e 3ª etapa a equipa deverá efectuar os referidos jogos/treino para os fins acima referidos.

    Tudo porque é a bola que faz mover o atleta, é por ela que todos correm..." onde naturalmente salvaguardo a periodização táctica (palavrão bonito, mas sem grandes esclarecimentos para o público alvo a que este espaço se destina).
    Afinal o que significa periodização táctica, esta tão nobre e bonita nomenclatura que hoje está tão em voga nas Universidades?
    O trabalho de corrida contínua (10/15minutos) não poderá ser realizado com bola, integrado, ou não, num circuito ou até num jogo lúdico? O trabalho intervalado não poderá alterar fases de corrida com fases de repouso (leia-se recuperação) activo através de jogos lúdicos com bola, estafetas, com maior ou menor intensidade, consoante os objectivos que pretendemos em cada exercício?
    Estou certo que sim...
    O treino de que falo, vincula bem um trabalho Multidisciplinar (físico, técnico-táctico e psicológico) adequado às exigências do treino, com variância de exercícios e SEMPRE que possível (porque às vezes não é!) com a Bola integrada onde e passo a citar novamente "... podemos trabalhar a resistência de uma forma lúdica e com entrega total dos atletas, criando um ambiente salutar. Podemos trabalhar as capacidades motoras, ao mesmo tempo que trabalhamos as capacidades técnicas, bem como as capacidades técnicas com uma carga táctica ASSOCIADA."
    Periodização táctica não é mais do que predefinir o trabalho Físico, técnico-táctico e psicológico, num enquadramento objectivo e perfeitamente adequado às necessidades dos objectivos treinos/jogo.
    Um Abraço e obrigado pelo comentário.
    Carlos Martins

    By Blogger Carlos Martins, at quinta-feira, abril 14, 2005  

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